Marcondes Agostinho Gonzaga Júnior (2010) Avaliação da qualidade de filés de pirarucu (Arapaima gigas, Cuvier 1829), refrigerados e embalados sob atmosfera modificada

Avaliação da qualidade de filés de pirarucu (Arapaima gigas, Cuvier 1829), refrigerados e embalados sob atmosfera modificada

Autor: Marcondes Agostinho Gonzaga Júnior  (Currículo Lattes)
Orientador: Dr Carlos Prentice Hernández

Resumo

O pescado é um alimento altamente perecível, e como tal exige cuidados especiais em sua manipulação, estando sujeito a contaminação por diversos organismos. Em condições normais de refrigeração, o prazo de vida útil dos alimentos está limitado pelos processos de deterioração enzimática, microbiológica e oxidativa o que limita seu prazo de distribuição e comercialização. A efetiva consolidação da aqüicultura depende do escoamento da produção que por sua vez dependerá da demanda dos produtos. Para que o consumo de pescado no Brasil seja ampliado, é necessário que haja oferta de produtos com a qualidade exigida pelo consumidor. Este trabalho objetivou avaliar o efeito sobre a embalagem em atmosfera modificada (EAM) em filés de pirarucu (Arapaima gigas). Foram utilizados espécimes provenientes de áreas de cultivo do Estado do Amazonas, da região de Manacapuru, Norte do Brasil, os quais foram beneficiados, eviscerados, filetados e acondicionados em sacos plásticos de alta densidade de etileno-álcool-vinilico – EVOH. As amostras foram submetidas a 6 tratamentos: A (Controle), 4 atmosferas contendo aproximadamente 0,5 L de ar: B (100 % CO2); C (40% O2 / 60% CO2); D (50% O2 / 50% CO2), E (30% O2 / 30% N2 / 40% CO2) e um F (a vácuo). As amostras embaladas foram mantidas sob refrigeração, na faixa de 2 ± 1oC, quando foram submetidas a análise nos tempos zero,1,7,14,21,30,45 e 50 dias de armazenamento refrigerado em estufa climatizada. Foram realizadas analises físico-químicas (bases voláteis totais – N-BVT, pH), da estabilidade lipídica (TBA), de textura (força de cisalhamento), de cor e microbiológicas. Observou-se que as amostras mantidas em aerobiose (controle) apresentaram um rápido aumento dos valores de N-BVT, com seu pico máximo no 50º dia de estocagem (67,59 mg N-BVT/100 g). A produção de N-BVT nos outros tratamentos manteve-se, durante o decorrer do período de armazenamento, em torno de 21 mg de N-BVT/100g. As amostras controle apresentaram aumento de pH, a partir do 30º dia de armazenamento, tendo seu valor máximo (6,98) no 50º dia. Os tratamentos com atmosferas modificadas mostraram comportamento de valores de pH ao longo do armazenamento semelhantes e próximos ao pH inicial (6,4). A maioria dos tratamentos ultrapassou o limite proposto pela legislação no 30o dia de estocagem (7 Log. de UFC/g). Durante o período de armazenamento não foi detectada a presença de Salmonela nem de E. coli. . Os índices de TBA mantiveram-se abaixo de 1,5 mg MA/Kg, os padrões de cor oscilaram pouco e a textura (força de cisalhamento) variaram entre 2,39 e 6,88N. De acordo com os resultados obtidos, pode-se concluir que a embalagem B(100 % CO2), se destacou das demais, apresentando um bom desempenho, estendendo o prazo de vida-útil por até 45 dias, sendo eficaz para manutenção dos parâmetros físico-químicos e de qualidade dentro dos limites de aceitabilidade propostos pela legislação vigente.

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