Tamyris Ramos dos Santos (2012) Alterações histológicas em brânquias de tainhas Mugil liza expostas à banhos terapêuticos com formalina

Alterações histológicas em brânquias de tainhas Mugil liza expostas à banhos terapêuticos com formalina

Autor: Tamyris Ramos dos Santos (Currículo Lattes)
Orientador: Dr Joaber Pereira Junior
Co-orientador: Dr Luis Alberto Romano

Resumo

Tainhas Mugil liza são valorizadas no mercado consumidor e possuem características que as potencializam para o cultivo. Na piscicultura, os impactos causados pelo surgimento de enfermidades parasitárias são importantes e o uso de quimioterápicos se faz necessário para a tentativa de redução dos danos causados nos peixes. Entre esses, a formalina é usada para eliminação de ectoparasitos, como Monogenoidea. Monogenóides parasitam preferencialmente brânquias e, em um sistema de cultivo, podem ter sua patogenicidade acentuada. As vantagens da utilização de formalina para eliminação desse grupo de ectoparasitos ainda são discutidas, uma vez que seu uso pode ocasionar alterações histológicas nas brânquias dos peixes. O objetivo desse trabalho foi testar diferentes concentrações de formalina, eficazes na eliminação de monogenóides em M. liza, para observar ocorrência de alterações histológicas e estabelecer o tempo necessário para uma regeneração do epitélio branquial. Juvenis de tainhas foram coletados e distribuídos em 15 tanques (3 por tratamento) com 12L de água com salinidade e parâmetros controlados e 2 peixes por L. Após um período de aclimatação, os peixes foram submetidos à banhos de 1 hora de duração com diferentes concentrações de formalina dissolvida na água: T0 = sem formalina; T60 = 60mg/L; T90 = 90mg/L; T120 = 120mg/L e T150 = 150mg/L de formalina. Dois experimentos foram realizados: experimento I, onde amostras (n=5) foram retiradas antes do banho terapêutico, 24hs após o banho e 1 e 2 semanas após banho (n= 9 por tratamento) e experimento II, com amostras (n=5) retiradas antes do banho terapêutico e nas 3 e 4 semanas posteriores ao tratamento (n= 9 por tratamento). As brânquias foram fixadas em Bouin por 24 horas e depois transferidas para álcool etílico 70%. Para preparação de lâminas histológicas, as amostras foram emblocadas com parafina e feitos cortes histológicos de 5 μm, corados com hematoxilina e eosina. Os peixes amostrados antes do banho e do T0 em ambos experimentos apresentaram lesões como hiperplasia leve, hiperplasia moderada e hiperplasia grave, telangiectasia e desprendimento do epitélio respiratório. Monogenóides também foram encontrados. Essas lesões podem estar relacionadas com a baixa qualidade da água do ambiente da coleta e a presença dos ectoparasitos. No T60, os peixes apresentaram hiperplasia leve e moderada nas 24hs, 1 e 2 semanas pós tratamento e, após a terceira semana, foi observado hiperplasia grave e desprendimento do epitélio respiratório que persistiram na quarta semana após o tratamento. Os peixes tratados com 90mg/L de formalina apresentaram hiperplasia leve e desprendimento do epitélio respiratório em todas as amostras do experimento I. No experimento II, foi observado no T90, hiperplasia moderada, hiperplasia grave, desprendimento do epitélio respiratório e presença de monogenóides. Hiperplasia leve e moderada foram as lesões observadas nas amostras do experimento I do T120. Após 3 e 4 semanas, observou-se hiperplasia moderada e grave, necrose e monogenóides. Os peixes do T150 apresentaram hiperplasia moderada e grave nas 24hs após banho com formalina e hiperplasia grave e telangiectasia após uma semana do tratamento. Nenhum juvenil de tainha sobreviveu na segunda semana após esse tratamento. No experimento II, os peixes amostrados na terceira e quarta semana após o tratamento com 150mg/L de formalina apresentaram hiperplasia moderada à grave, desprendimento do epitélio respiratório, necrose e presença de monogenóides. As alterações histológicas encontradas nos peixes tratados podem ser relacionadas com o uso de formalina. Foi observado um agravamento das lesões ao longo do tempo e com o aumento da concentração de formalina. Além disso, a re-infestação por monogenóides ocorrida nos peixes do experimento II, contribuiu para esse fato. Por não ter sido encontrado sinais de regeneração do epitélio branquial, estudos posteriores com concentrações entre 60mg/L e 90mg/L devem ser testados para que haja a possibilidade de um segundo banho e para que a integridade e sobrevivência das tainhas sejam garantidas.

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