Camila Besold (2015) Cultivo da microalga marinha Nannochloropsis oculata em efluente da produção de camarão em sistema BFT

Cultivo da microalga marinha Nannochloropsis oculata em efluente da produção de camarão em sistema BFT

Autor: Camila Besold (Currículo Lattes)
Orientador: Dr Paulo Cesar Oliveira Vergne de Abreu

Resumo

A produção massiva de microalgas está limitada por vários aspectos técnicos, dentre estes destaca-se a necessidade de meios de cultivo mais baratos. Efluentes da aquicultura, que contém altas concentrações de nutrientes podem ser uma alternativa mais econômica aos meios de cultivos convencionais. O objetivo desse estudo foi utilizar o efluente da produção de camarão em meio com bioflocos (sistema BFT - Biofloc Technology System) como um meio de cultivo para a microalga marinha Nannochloropsis oculata. Em um primeiro experimento, laboratorial verificou-se o crescimento da microalga em diferentes concentrações do efluente integral (25, 50, 75 e 100%). No segundo experimento realizado em estufa agrícola, num volume de 5L, em condições ambientais cultivou-se a microalga no efluente integral e comparou-se com os meios f/2 e um meio com fertilizantes químicos. Os dois experimentos foram realizados em triplicata e os dados submetidos à análise para verificação de diferenças estatísticas pelo teste ANOVA (one way) e posterior teste de Tukey (p<0,05). Os resultados do primeiro experimento demonstraram que os maiores crescimentos celulares ocorreram nos tratamentos com 75% (219±34,4 céls. x 106 mL-1) e 100% (192,4±27,7 céls. x 106 mL-1). Estes foram significativamente maiores do que os demais tratamentos, mas semelhantes entre si. No segundo experimento, a máxima abundância celular foi registrada no tratamento com meio BFT (T-BFT: 25,57±0,17 céls. x 106 mL-1), porém não houve diferença estatística dos demais. A maior porcentagem de lipídios foi registrada no tratamento com bioflocos (34,76±5,8%), mas da mesma forma este resultado não diferiu estatisticamente dos demais tratamentos. Diferenças no perfil dos ácidos graxos foram detectadas entre os tratamentos BFT e fertilizante, com maiores percentuais dos ácidos graxos C18:1t, C18:1c e C18:2 no tratamento BFT, possivelmente devido às diferentes fontes de nitrogênio nos meios. N. oculata removeu 27,95 mg L-1 de nitrato e 4,78 mg L-1 do fosfato em doze dias de experimento. A redução do nitrogênio amoniacal ao final do cultivo parece ter resultado principalmente da ação de bactérias nitrificantes presentes no tratamento BFT. Concluise que o efluente BFT puro pode ser usado como um meio para o cultivo massivo de N. oculata, produzindo as mesmas biomassas, quantidades de lipídios e composição de ácidos graxos que os outros meios normalmente utilizados. Além disso, o crescimento vi desta microalga neste meio removeu grande quantidade de nutrientes que podem causar eutrofização do corpo d’água receptor e do próprio sistema de aquicultura com bioflocos, demonstrando a grande capacidade de depuração de efluentes de N. oculata.

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