Ana Paula Nascimento de Carvalho (2017) O uso da halófita Spartina alterniflora para fitorremediação de Tributilestanho (TBT) em sedimentos costeiros

O uso da halófita Spartina alterniflora para fitorremediação de Tributilestanho (TBT) em sedimentos costeiros

Autor: Ana Paula Nascimento de Carvalho (Currículo Lattes)
Orientador: Dr Cesar Serra Bonifácio Costa
Co-orientador: Dr Gilberto Filmann

Resumo

Plantas superiores aquáticas expostas a solos costeiros contaminados por compostos inorgânicos e orgânicos, como a grama rizomatosa de zonas entremarés Spartina alterniflora Loisel., têm mostrado potencial de serem utilizadas como fitorremediadoras. O tributilestanho (TBT) é considerado um dos organoestânicos mais tóxicos liberados no ambiente, capaz de provocar alterações no desenvolvimento de bivalves e o efeito imposex em gastrópodes (masculinização de fêmeas), assim como pode afetar o sistema imune humano. Desde a década de 1960 foi empregado em escala global como biocida ativo em tintas anti-incrustantes, sendo esta prática proibida pela Organização Marítima Internacional em 2008. Uma ampla variação de concentrações do TBT e outros butilestanhos, resultantes de sua degradação (DBT e MBT) são detectados em solos estuarinos próximos aos principais portos brasileiros, indicando sua utilização clandestina, comercialização e uma elevada persistência ambiental. O presente estudo investigou, através de um cultivo em condições controladas de laboratório, a tolerância e a capacidade de fitorremediar solos contaminados por tributilestanho (TBT) da grama S. alterniflora. Mudas de S. alterniflora foram cultivadas em vasos com 450g de sedimento fortificados com concentrações médias iniciais de 0 (controle), 179,04 ngTBT.g⁻¹ (nível baixo) e 834,72 ngTBT.g⁻¹ (nível alto) por 90 dias. Nos dias 0, 60 e 90 do experimento, o desenvolvimento das plantas foi quantificado e as concentrações dos butilestanhos medidas no solo dos vasos com plantas, como em vasos adicionais sem plantas. S. alterniflora mostrou uma alta tolerância à contaminação sedimentar por TBT. Nenhuma planta morreu durante o experimento. Hastes inicialmente plantadas (“plantas mãe”) e os vários perfilhos formados cresceram vigorosamente (médias de altura de 40-70 cm e 3-6 folhas vivas por haste) no solo controle e contaminados com TBT. Plantas mãe em solos contaminados com TBT apresentaram uma pequena redução da renovação foliar (possível menor atividade metabólica) nos primeiros 60 dias. A biomassa foliar nos vasos em todos os níveis de TBT dobrou nos últimos 30 dias, mas plantas no nível baixo de TBT apresentaram biomassa de raízes significativamente (p< 0,05) maiores e menores alocações em biomassa foliar do que os demais níveis de TBT. A presença de S. alterniflora resultou em uma degradação 196% maior dos butilestânicos totais no nível alto de contaminação de TBT do que em vasos controle não vegetados após 90 dias de crescimento. As reduções observadas em vasos com e sem plantas foram, respectivamente, de 72,05% e 25,35%. A rápida metabolização do TBT nos solos contaminados e o aumento das frações de DBT e MBT no bioensaio nos primeiros 60 dias sugerem um importante papel de microorganismos na degradação do TBT. A marcada redução dos níveis de DBT, MBT e butilestânicos totais nos últimos 30 dias de cultivo em solos vegetados e com alto nível de TBT sugerem um aumento da capacidade de fitorremediação devido ao crescimento das plantas. Dentro das condições experimentais da S. alterniflora foi capaz de remediar solos contaminados por altos teores de TBT.

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