Eduardo Martins da Silva (2014) Exigência protéica de juvenis do pampo, Trachinotus marginatus, e possíveis substitutos para a farinha de peixe

Exigência protéica de juvenis do pampo, Trachinotus marginatus, e possíveis substitutos para a farinha de peixe

Autor: Eduardo Martins da Silva (Currículo Lattes)
Orientador: Dr Marcelo Borges Tesser
Co-orientador: Dr Luís André Nassr de Sampaio

Resumo

Esta tese teve como objetivos estimar as necessidades por aminoácidos essenciais, a influência de diferentes níveis de proteína no desempenho de juvenis de Trachinotus marginatus, como também a viabilidade da substituição da farinha de peixe por concentrado proteico de soja para juvenis desta espécie. Todos os peixes usados nesta tese foram coletados por meio de rede de arrasto na zona de rebentação da praia do Cassino, Rio Grande - RS, e transportados para o Laboratório de Piscicultura Estuarina e Marinha da Universidade Federal do Rio Grande – FURG. Neste local os peixes foram submetidos a banhos profiláticos com formol a 50 ppm por uma hora durante três dias e permaneceram em aclimatação por mais quatro dias. Para estimar as necessidades por aminoácidos essenciais, foram coletadas amostras de carcaça e músculo. Após análise da composição de aminoácidos das amostras foram estimadas as necessidades por aminoácidos essenciais, a partir do índice A/E [(AAE individual / AAE total) * 1000] determinado para cada amostra. Os juvenis de pampo apresentam composição e exigência por aminoácidos muito semelhantes a outros teleósteos marinhos. Enquanto as exigências por aminoácidos essências não forem determinadas experimentalmente, as exigências estimadas neste experimento podem ser usadas para se formular dietas balanceadas para T. marginatus. Para avaliar o nível proteico capaz de produzir o melhor crescimento de juvenis de pampo, grupos de dez (10) peixes foram estocados em nove tanques de 50 L em sistema de recirculação de água composto por filtro mecânico, filtro biológico e filtro ultra violeta. Os peixes foram alimentados até a saciedade aparente quatro vezes ao dia durante 60 dias com dietas contendo 43, 54 ou 64% de proteína bruta (PB43, PB54 e PB64). O delineamento experimental foi totalmente casualizado e em triplicata. O ganho em peso, a taxa de crescimento específico e a conversão alimentar não apresentaram diferença significativa. Contudo, o acréscimo de proteína consumida aumentou o índice hepatossamático e a taxa de excreção de amônia pós-prandial, bem como reduziu a eficiência proteica. Os peixes alimentados com a dieta PB43 apresentaram menor concentração da transaminase glutâmico oxalacética hepática além de menor concentração de triglicerídeos no músculo e fígado. A composição da carcaça, o teor de glicogênio e de proteínas totais para músculo e fígado não mostraram diferenças significativas, excetuando o maior teor de lipídios da carcaça no tratamento PB43. Esses resultados sugerem que a melhor utilização da proteína por juvenis de pampo se deu quando consumiram a dieta com 43% de proteína, sem prejuízo para o crescimento. A viabilidade da substituição da farinha de peixe por concentrado proteico de soja foi investigada por meio da alimentação de juvenis de pampo com rações contendo 0, 25, 50, 75 ou 100% de concentrado proteico de soja em substituição à farinha de peixe (CPS0, CPS25, CPS50, CPS75 e CPS100, respectivamente). As rações foram formuladas para conter 43 % de proteína bruta. Foram estocados 16 juvenis de pampo em cada um dos 15 tanques de 300 L que compunham cinco sistemas de recirculação de água equipados com filtro mecânico e filtro biológico. A alimentação dos peixes foi feita quatro vezes ao dia até a saciedade aparente durante 45 dias. A conversão alimentar, a taxa de eficiência proteica, a taxa de eficiência lipídica e a retenção lipídica não apresentaram diferenças (p>0,05). O peso médio final, o ganho em peso, a taxa de crescimento específico e os índices hepatossomático e viscerossomático foram menores para o tratamento CPS100 (p<0,05), porém não foram alterados até o tratamento CPS75. O consumo total de alimento e de proteína dos animais alimentados com a dieta CPS100 foram inferiores aos demais tratamentos, o que provocou menor retenção proteica nos peixes. Os resultados indicam que a farinha de peixe pode ser substituída por CPS em até 75 % nas rações para Trachinotus marginatus sem causar prejuízo no desempenho dos peixes. Os dados obtidos nesta tese permitem a formulação de dietas que supram as exigências de aminoácidos essenciais, com adequado teor proteico e com a possibilidade da substituição de até 75 % da farinha de peixe por concentrado proteico de soja.

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