Juan Jethro Silva Santos (2019) Produção de formas jovens da espécie Mesodesma mactroides (Reeve, 1854), em laboratório

Produção de formas jovens da espécie Mesodesma mactroides (Reeve, 1854), em laboratório

Autor: Juan Jethro Silva Santos (Currículo Lattes)
Orientador: Dr Luis Alberto Romano
Co-orientador: Dr Carlos Henrique Araújo de Miranda Gomes (UFSC)

Resumo

A malacocultura é uma atividade que contribui com a produção aquícola mundial, com destaque aos moluscos bivalves. Neste contexto, a América Latina vem investindo no cultivo e pesquisas de espécies de bivalves exóticos e principalmente em espécies nativas com potencial para produção. Esse investimento tende a aumentar a diversificação de espécies cultivadas, e, consequentemente, implica na diminuição da sobrepesca dos estoques naturais, tornando-se uma alternativa como fonte de renda e alimento para várias regiões. Partindo desse pressuposto, o marisco branco Amarilladesma mactroides é um bivalve de areia, da família Mesodesmatidae, com importância socioeconômica nas regiões, onde essa espécie é endêmica e que por várias décadas está suscetível à sobre- exploração e surtos de mortalidades sem causas definidas. Por este motivo, inúmeras pesquisas vêm sendo desenvolvidas referentes a esta espécie, no entanto nenhuma relacionada à sua reprodução em laboratório. Devido à problemática relacionada ao desaparecimento do marisco branco, em ambiente natural, a produção de sementes pode ser uma alternativa inicial para controle do estoque no ambiente. Contudo, para o desenvolvimento da aquicultura de uma espécie nova, são necessárias informações sobre os requerimentos biológicos e ecológicos perante variáveis ambientais, em laboratório, para posteriormente observar seu desempenho em sistemas de cultivo. Desta forma, os capítulos do presente trabalho visaram obter informações sobre a produção em laboratório do marisco branco, levando-se em consideração inicialmente realizar e descrever a larvicultura, para posteriormente avaliar o efeito de variáveis como salinidade, temperatura e dietas, nas etapas de desenvolvimento embrionário, larval assim como, no assentamento desta espécie. O capítulo 1 demonstrou que foi possível a realização da desova pela técnica de “stripping”, em que através de análises descritivas acompanhou- se as etapas do desenvolvimento embrionário completo, desde a fertilização até a formação de larvas D, com duração de 24 horas. Observou-se um desenvolvimento larval positivo por meio das variáveis biométricas de altura e comprimento de conchas em função do tempo, com formação de larvas pedivéligers prontas para assentamento, no período de 27 dias. No capítulo 2, embriões e larvas de A. mactroides foram submetidos e mantidos a quatro salinidades diferentes: 20, 25, 30 e 35 ppt, para determinar as condições ótimas para a espécie. Os resultados deste experimento indicaram que embriões e larvas toleram salinidades entre (25 - 35 ppt), com o melhor crescimento e sobrevivência em salinidades elevadas de 35 ppt. Enquanto que no capítulo 3, avaliou-se o efeito de quatro diferentes temperaturas (18, 20, 23 e 26 °C) no desenvolvimento embrionário, crescimento larval e sobrevivência do marisco branco. Os resultados indicaram que os embriões desta espécie são capazes de tolerar uma variação de 18 a 26 °C de temperatura, sendo o efeito desta variável um determinante na velocidade de metamorfose. Diante das condições experimentais adotadas, as larvas mantiveram-se dependentes das temperaturas mais baixas (18 e 20 °C) para estarem aptas ao assentamento em melhores condições de tamanho e sobrevivência. E por fim, no capítulo 4 avaliou-se o efeito de diferentes proporções, quantidades e concentrações de três microalgas vivas, consolidadas na aquicultura como fonte de alimentação: Isochrysis aff. galbana (T-ISO) (Iso); Chaetoceros muelleri (Cm) e Tetraselmis suecica (Ts). Neste experimento, as sementes de marisco branco alimentadas com as dietas compostas por I. galbana e C. muelleri ofertadas de forma isolada ou misturadas entre si (diversas proporções), apresentaram maior crescimento e sobrevivência em laboratório. Dessa maneira, com estes resultados pode-se dizer que foi possível realizar um protocolo básico de cultivo de A. mactroides em laboratório, no qual, estas informações podem contribuir para futuros programas de repovoamento do ambiente natural e produção de sementes para fins do cultivo desta espécie.

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