Ricardo Franco Freitas (2014) Avaliação do impacto de pequenos herbívoros e da infecção de fungos na produção de mudas e no estabelecimento da grama halófita bioengenheira de marismas Spartina alterniflora

Avaliação do impacto de pequenos herbívoros e da infecção de fungos na produção de mudas e no estabelecimento da grama halófita bioengenheira de marismas Spartina alterniflora

Autor: Ricardo Franco Freitas (Currículo Lattes)
Orientador: Dr Cesar Serra Bonifácio Costa

Resumo

A aquicultura envolve o cultivo de organismos aquáticos incluindo peixes, crustáceos, moluscos e plantas aquáticas. Estes cultivos têm como principais objetivos a produção de alimentos e outros bioprodutos para o homem. Por outro lado, os cultivos de plantas aquáticas também podem ter por finalidade o tratamento de efluentes da aqüicultura, a fitorremediação de solos contaminados ou a criação/restauração de ambientes aquáticos vegetados. As plantas de marismas, como a Spartina alterniflora, estão entre as plantas superiores mais cultivadas pelo homem, visando a contenção de processos erosivos naturais relacionados com a elevação relativa do nível do mar. A produção de mudas em estufas agrícolas e o estabelecimento de plântulas no ambiente entremarés estão entre as etapas mais críticas para o sucesso de projetos de criação/ restauração de marismas. Em adição, o cultivo dessas plantas, assim como para qualquer outro tipo de organismo aquático, necessita de cuidados para uma maior produtividade, evitando assim pragas (herbívoros e fungos) e doenças nas plantas. Por isso, o conhecimento de mecanismos ecológicos é essencial para o sucesso nesses tipos de projetos. Dessa forma, na tentativa de avaliar o impacto de pequenos herbívoros e da subsequente infecção de fungos sobre mudas provocadas por machucaduras desses herbívoros, esta Dissertação de Mestrado descreve o desenvolvimento de 2 estudos. No primeiro estudo, apresentado no Capítulo 1, foram avaliados os efeitos da herbivoria de afídeos Hysteroneura setariae no desenvolvimento das mudas de S. alterniflora e na infecção de suas folhas por fungos. Para o controle dessas pragas, também foi determinada a eficiência da aplicação separada e conjunta do inseticida Malathion 500 CE e do fungicida Daconil BR sobre o cultivo dessas mudas em uma estufa não climatizada. Os resultados obtidos comprovaram uma grande eficiência do inseticida Malathion em proteger mudas de S. alterniflora contra o ataque de afídeos e fungos, além de melhorar os parâmetros biométricos e fitossanitários da planta. Em relação ao desenvolvimento da planta, é importante destacar que os valores médios de perfilhamento das mudas tratadas com inseticida foram cerca de 155% maiores do que das não tratadas com esse inseticida. O uso do fungicida Daconil não foi efetivo em diminuir os danos causados pelos afídeos e nem a infecção de fungos, facilitada durante a alimentação e 2 secreção de substâncias açucaradas (melada, “honeydew”) por esses insetos. Tanto que a frequência da ocorrência de manchas fúngicas nas folhas pulverizadas com esse fungicida teve valores médios em torno de 90%. Adicionalmente, esse fungicida não demonstrou ocasionar efeitos agudos no crescimento/desenvolvimento das mudas de S. alterniflora. O segundo estudo, descrito no Capítulo 2, foi desenvolvido na zona entremarés de uma marisma recém-estabelecida. Neste, foi examinado os impactos dos caranguejos Neohelice granulata e das infecções de fungos facilitadas por esses herbívoros sobre a S. alterniflora a partir de 2 experimentos fatoriais com a utilização de gaiolas de exclusão de caranguejos e pulverização do fungicida Daconil BR. Através dos resultados encontrados, foi possível verificar um grande impacto dos caranguejos sobre o desenvolvimento das mudas. Enquanto 100% das mudas de S. alterniflora protegidas com gaiolas de exclusão sobreviveram, nas gaiolas vazadas a sobrevivência das mudas reduziu para 65%. As folhas lesionadas com fungicida e aquelas sem lesões e uso desse pesticida tiveram valores médios de biomassas fúngicas até 70% mais baixos do que as das folhas lesionadas. Por fim, o fungicida e os fungos não afetaram no desenvolvimento e sobrevivência das mudas de S. alterniflora ao longo dos 2 experimentos realizados.

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