Lucas Campos Maltez (2017) Toxicidade da amônia e do nitrito em juvenis de linguado Paralichthys orbignyanus

Toxicidade da amônia e do nitrito em juvenis de linguado Paralichthys orbignyanus

Autor: Lucas Campos Maltez (Currículo Lattes)
Orientador: Dr Luciano de Oliveira Garcia

Resumo

O linguado Paralichthys orbignyanus é uma espécie que apresenta grande potencial para a aquicultura intensiva, onde o acúmulo de compostos nitrogenados pode ser um dos principais limitantes a produção. A amônia e o nitrito são os mais tóxicos dentre estes compostos, sendo capazes de induzir diversos distúrbios fisiológicos nos peixes, mesmo se em níveis subletais. Portanto, a presente tese teve como objetivo determinar os efeitos subletais da exposição à amônia e ao nitrito, e posterior recuperação em juvenis do linguado utilizando parâmetros sanguíneos, de estresse oxidativo e histopatologia como biomarcadores. Foram realizados dois experimentos, nos quais os peixes foram expostos a três concentrações de amônia (0,12; 0,28 e 0,57 mg NH3-N.L-1) ou nitrito (5,72; 10,43 e 15,27 mg NO2-N.L-1), além de um tratamento controle, durante 10 dias. Em seguida os animais foram mantidos por mais 10 dias em água livre ou com concentrações mínimas de amônia (0.00 mg NH3-N.L-1) ou nitrito (0.05 mg NO2-N.L-1) para avaliar a recuperação. Foram coletadas amostras de sangue, brânquia, fígado, músculo e cérebro de 9 peixes por tratamento após 1, 5 e 10 dias de exposição, e ao final da recuperação. Os resultados demonstram que os efeitos atribuídos à ação tóxica da amônia e do nitrito nos juvenis de linguado foram influenciados pelo tempo de exposição e concentração, e mesmo nas concentrações mais baixas testadas de ambos os compostos, houve perturbação da homeostase de alguns dos parâmetros. A análise dos parâmetros sanguíneos (glicose, Na+, K+, Ca++, HCO3−, pCO2, pH, perfil leucocitário) durante a exposição a amônia e nitrito indicaram diferentes distúrbios metabólicos, osmorregulatórios, ácido-base e na resposta imune dos peixes. A indução a uma condição pró-oxidante nas brânquias, fígado e músculo também foi demonstrada como mais um dos mecanismos de toxicidade destes compostos para a espécie. A inibição do sistema antioxidante (redução da capacidade antioxidante total e da atividade da enzima antioxidante glutationa-S-transferase) e/ou aumento nos níveis de dano oxidativo em lipídio e proteínas demonstram este efeito. Além disso, a ativação de diferentes defesas antioxidantes enzimáticas e não enzimáticas foi observada, indicando a um mecanismo adaptativo para combater ou minimizar o estresse oxidativo. Não foram evidenciadas alterações histopatológicas no cérebro, no fígado e nas brânquiasdos peixes decorrentes da exposição à amônia ou ao nitrito. Após o período de recuperação, apenas os peixes submetidos ao tratamento 5,72 mg NO2-N.L-1 apresentaram todos os parâmetros sanguíneos e de estresse oxidativo dentro dos valores basais. Para os demais tratamentos do experimento com nitrito e nos peixes expostos a amônia, este restabelecimento ocorreu apenas em parte dos parâmetros. Como conclusão, concentrações a partir de 0,12 mg NH3-N.L-1 e 5,72 mg NO2-N.L-1 causam diversas alterações fisiológicas nos juvenis de linguado, portanto devem ser evitadas nos sistemas de produção. O período de recuperação de 10 dias foi capaz de levar ao restabelecimento parcial ou total da condição fisiológica dos peixes, dependendo do composto e concentração ao qual foram expostos. A recuperação completa foi demonstrada apenas nos peixes expostos a 5,72 mg NO2-N.L-1.

TEXTO COMPLETO