Grecica Mariana Colombo (2019) Respostas bioquímicas de juvenis do camarão Litopenaeus vannamei (Boone, 1931) exposto à amônia: O papel do açaí (Euterpe oleracea Mart. 1824) como agente quimioprotetor

Respostas bioquímicas de juvenis do camarão Litopenaeus vannamei (Boone, 1931) exposto à amônia: O papel do açaí (Euterpe oleracea Mart. 1824) como agente quimioprotetor

Autor: Grecica Mariana Colombo (Currículo Lattes)
Orientador: Dr Jose Maria Monserrat
Co-orientador: Dr Wilson Francisco Britto Wasielesky Junior

Resumo

A exposição à amônia pode influenciar no aumento excessivo da produção de espécies reativas de oxigênio (ERO) nos organismos aquáticos. No entanto, o fornecimento de dietas com a suplementação ou inclusão de antioxidantes podem agir como uma alternativa de quimioproteção, amenizando efeitos deletérios causados pelas ERO. A fruta amazônica Euterpe oleracea, conhecida popularmente como “açaí”, possui em sua composição grandes quantidades de compostos fenólicos que conferem a esta fruta uma excepcional capacidade antioxidante. Em razão disto, a inclusão de E. olaracea na dieta do L. vannamei poderia aumentar a resiliência desses animais para lidar com a toxicidade da amônia. Nesse contexto, o objetivo deste estudo foi avaliar os possíveis danos oxidativos causados pela exposição à amônia em juvenis de L. vannamei, e se esses danos poderiam ser atenuados em função da presença do açaí liofilizado na ração. Durante 35 dias, camarões com peso inicial (média ± 1 erro padrão) de 0,97 ± 0,03 g foram alimentados com duas dietas experimentais em triplicata: dieta controle (sem inclusão de açaí) e dieta com a inclusão de 10 % açaí (P/P). Após esse período, camarões com peso médio de 3,87 ± 0,04 g foram distribuídos em 24 tanques com 40 L, contendo 10 camarões por caixa, e expostos durante 96 h a quatro concentrações sub-letais de amônia (0,01- controle; 0,26; 0,48; e 0,91 mg NH3-N L-1), representando um sistema fatorial de 2 (dieta com e sem açaí) x 4 (total de concentrações de amônia testada) em triplicata. Os dados foram submetidos à análise de variância modelo misto (ANOVA), sendo o fator aleatório as diferentes caixas utilizadas e os fatores fixos as dietas e as concentrações de amônia avaliadas. Para detectar possíveis diferenças entre os tratamentos foi aplicado o teste de Newman-Keuls com um nível de significância de 0,05. Amostras de brânquias, hepatopâncreas e músculo foram coletas para análises do conteúdo de polifenóis e flavonóides, da capacidade antioxidante total (ACAP), glutationa reduzida (GSH), glutationa-S-transferase (GST), grupos sulfidrilas associados a proteínas (P-SH) e peroxidação lipídica (TBARS). A presença do açaí na dieta não afetou os parâmetros zootécnicos do L. vannamei. O hepatopâncreas foi o único tecido que apresentou um incremento do conteúdo de polifenóis e flavonoides nos organismos alimentados com açaí (p<0,05). A ACAP das brânquias diminuiu significativamente em ambas as dietas após a exposição à amônia (p<0,05), enquanto no músculo dos camarões alimentados com açaí houve um aumento da capacidade antioxidante na mesma situação (p<0,05). A perda de competência antioxidante nas brânquias favoreceu o aumento dos níveis de TBARS na dieta com açaí neste tecido (p<0,05). Ao contrário das brânquias, a diminuição do dano lipídico observado nos tratamentos 0,48 e 0,91 mg NH3-N L-1 no músculo dos camarões que consumiram açaí, foi influenciado pelo aumento da ACAP (p<0,05). Não houve diferenças significativas nas concentrações de GSH nos órgãos para ambas as dietas (p>0,05). Nas brânquias, o açaí promoveu uma queda significativa da atividade da GST em todas as concentrações de amônia em relação a dieta controle, e no músculo, diferentemente da dieta controle, o açaí atuou na manutenção da GST, o que reforça os resultados encontrados no conteúdo de TBARS nestes tecidos, uma vez que o dano lipídico aumentou nas brânquias e diminuiu no músculo. A concentração de grupos sulfidrilas (P-SH) diminuiu significativamente nas brânquias e músculo dos camarões da dieta controle quando expostos à amônia, induzindo ao dano proteico, resposta que não foi observada na dieta com inclusão de açaí no decorrer das concentrações de amônia. Em conclusão, a amônia induziu ao estresse oxidativo nas brânquias e músculo, entretanto, a inclusão do açaí na dieta do L. vannamei apresentou efeitos antioxidantes nos diferentes órgãos, não agravando o dano proteico nas brânquias e músculo e atenuando o dano lipídico no músculo.

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