O marisco branco, Amarilladesma mactroides, é um bivalve de areia naturalmente encontrado na zona infralitoral das praias do Rio de Janeiro, Brasil, até o norte da Argentina. Esta espécie vem sofrendo fortes pressões ambientais e antropogênicas nos últimos anos, o que fez com que várias populações colapsassem. Embora estudos recomendem a produção de juvenis em cativeiro, a tecnologia de produção em laboratório não está disponível, o que impede a análise da viabilidade do repovoamento de ambientes naturais ou mesmo sua aquicultura. Esta dissertação, portanto, teve como objetivo estimar o período reprodutivo de fêmeas de A. mactroides no extremo sul do Brasil por meio da análise do desenvolvimento ovariano com ferramentas histológicas em conjunto com a determinação das variações da composição bioquímica. De outubro de 2021 a setembro de 2022, coletas mensais de, pelo menos, 100 mariscos foram realizados na praia do Cassino, Rio Grande, RS, sul do Brasil. Foram medidos o comprimento, altura, largura, peso úmido total (valvas e corpo mole), peso úmido das valvas e do corpo mole; e o peso seco do corpo mole e das valvas, e realizadas análises de proteína bruta, lipídios totais, glicogênio e lactato. Adicionalmente, foram realizadas análise histológica das gônadas, incluindo diâmetro dos ovócitos, e de imunologia. Os resultados indicam que, no extremo sul do Brasil, o marisco branco apresenta dois períodos reprodutivos, um mais intenso na primavera (outubro e novembro) e outro menos no outono-inverno (de maio-junho a setembro). A definição do período reprodutivo do marisco branco foi possível graças à análise histológica dos ovários, em especial a medição do diâmetro dos ovócitos. O índice de condição e as concentrações de lipídios totais e glicogênio dos tecidos moles também se mostraram ferramentas úteis na caracterização da reprodução desta importante espécie de bivalve.