Nathália Datore Fortunato (2023) Exposição de juvenis de pacu Piaractus mesopotamicus a diferentes níveis de nitrato em sistema BFT

Exposição de juvenis de pacu Piaractus mesopotamicus a diferentes níveis de nitrato em sistema BFTAutora: Nathália Datore Fortunato (Currículo Lattes)
Orientador: Dr. Luciano de Oliveira Garcia

 

Resumo

O pacu se destaca devido as suas características favoráveis a criação em cativeiro, sua rusticidade, crescimento rápido, boa aceitação no mercado consumidor e principalmente o seu hábito alimentar onívoro, o qual propicia sua criação em sistemas de bioflocos (BFT). O sistema BFT apresenta alta eficiência hídrica, biossegurança e redução significativa dos impactos ambientais gerados pela atividade de cultivo. Este sistema é formado a partir do estímulo aos microrganismos presentes na água pela manipulação da relação carbono/nitrogênio (C/N). Dessa forma, parte dos compostos nitrogenados presentes na água de cultivo, proveniente de restos de ração e fezes são reciclados. Contudo, o sistema BFT leva ao acúmulo de nitrato (NO3-) ao longo dos ciclos de produção, alterando o ambiente de cultivo. O nitrato é tóxico aos organismos cultivados e de forma crônica é capaz de causar efeitos sub-letais nos organismos aquáticos. Dessa forma, o objetivo foi avaliar o efeito de diferentes níveis de nitrato sobre o desempenho zootécnico, parâmetros sanguíneos e de estresse oxidativo de juvenis de pacu em sistema BFT, assim como avaliar a composição bacteriana do floco. O experimento foi desenvolvido no Laboratório de Aquacultura Continental (LAC) da Universidade Federal do Rio Grande – FURG, perdurando por 45 dias. O biofloco foi formado a partir de um inócolo concentrado, que foi fracionado para alcançar a concentração de sólidos suspensos totais de 250 mg L-1 de SST, sendo mantida a relação carbono/nitrogênio na proporção de 15:1. Os tratamentos foram nomeados como BFT150, BFT300 e BFT500, e as concentrações aferidas foram, respectivamente:139,51 ± 4,28; 333,66 ± 11,94 e 519,11 ± 18,83 mg NO3-N L-1. Em seguida os animais foram distribuídos aleatoriamente na quantidade de 9 animais tanque-1 (total = 108 juvenis de pacu 31,34 ± 0,14 g), em tanques de 310L (250L de volume útil) com aeração constante e temperatura controlada (27°C). Os animais foram alimentados duas vezes ao dia (9 e 16 h), sendo ofertada 3% da biomassa com uma ração comercial contendo 36% de proteína bruta. Durante o período experimental foram coletadas amostras de floco de cada unidade experimental e sangue e tecido (nove peixes tratamento-1). Os parâmetros de qualidade da água observados permaneceram dentro dos limites ideais para a espécie e para o sistema ao longo do experimento. Após os 45 dias experimentais foi possível observar que apenas o BFT500, afetou o desempenho zootécnico. Os parâmetros sanguíneos para hematócrito e hemoglobina apresentaram diferença significativa, onde a concentração BFT150, foi a que apresentou as maiores alterações observadas, já para os eritrócitos apenas o BFT500, apresentou diferença dos demais, onde apresentou as menores alterações. Com relação aos parâmetros bioquímicos de estresse oxidativo, o tecido branquial, apresentou alta concentração de proteína e peroxidação lipídica (LPO) na concentração BFT150, diferindo das demais concentrações. A atividade da enzima Glutationa-S-Tranferase (GST) demonstrou que todas as concentrações diferiram entre si (BFT300 > BFFT500 > BFT150), além disso o lactato foi maior nas concentrações BFT300 e BFT500 em relação a BFT 150. No tecido hepático, a ACAP, foi maior na concentração BFT500, e o P-SH menor em BFT300, apresentando também diferença nos níveis de glicose e lactato, onde a glicose foi menor na concentração BFT500 e o lactato foi menor na concentração BFT300. A comunidade bacteriana não apresentou diferença significativa, exceto para os filamentos livres e o víbrio. Além disso, foi possível observar um aumento nas populações de cocoides, das bactérias filamentosas agregadas e dos bacilos e uma redução de bactérias filamentosas livres e, do víbrio em relação aos dois períodos analisados. De acordo com isso, concluímos que, juvenis de pacu devem ser criados em concentrações abaixo de BFT300, pois mesmo nessa concentração verificamos alterações nos diferentes parâmetros avaliados, as quais devem ser evitadas para não haver prejuízo no crescimento e desenvolvimento dos animais.