Larissa Midori Konishi Britz (2024) Avaliação do desenvolvimento e da qualidade nutricional de halofitas cultivadas com águas salinas de diferentes sistemas aquícolas

Avaliação do desenvolvimento e da qualidade nutricional de halofitas cultivadas com águas salinas de diferentes sistemas aquícolasAutora: Larissa Midori Konishi Britz (Currículo Lattes)
Orientador: Dr. Cesar Serra Bonifácio Costa

Resumo

Além de poder aumentar a segurança alimentar e hídrica, a produção de vegetais a partir do aproveitamento de fontes nutritivas como águas salinas de sistemas aquícolas é uma alternativa sustentável e capaz de gerar renda extra ao produtor. Para esta produção vegetal com águas salinas são necessárias as halófitas, plantas adaptadas às altas concentrações dos íons Na+ e Cl-. Esta pesquisa avaliou a produção e a qualidade nutricional das halofitas Apium graveolens (var. Tall Utah) (vulgarmente denominada salsão) e Salicornia neei (progênie BTH2) (aspargo marinho) em diferentes condições de cultivo salino. Primeiro, as duas halófitas cresceram em aquaponia (hidroponia com águas de sistemas aquícolas) integrada ao cultivo do peixe costeiro miragaia (Pogonias courbina) com águas claras e utilizando Tecnologia de Bioflocos (“BFT”), esta última caracterizada por águas com altos teores de sólidos suspensos totais (SST) e consequente cultivo em “flocpônia” das plantas. Adicionalmente, plantas de A. graveolens e S. neei foram cultivadas em canteiros com diferentes densidades de plantio, irrigados com águas salinas de um cultivo extensivo do camarão branco do Pacífico Penaeus vanammei. O primeiro experimento ocorreu em balsas flutuantes dentro de tanques do cultivo de juvenis miragaia com dois tratamentos, em sistema BFT e em águas claras (ambos em salinidade 10 g L-1 e em triplicata). Após oito semanas, o salsão foi coletado e seus pesos médios caulinar avaliados em 22,30 ± 0,85 g e 0,83 ± 0,06 g, respectivamente, em aquaponia com e sem bioflocos. O desempenho do aspargo marinho foi avaliado através de poda de nivelamento e quantificação do rebrote de seus caules. Após seis semanas, os pesos médios dos caules foram de 45,94 ± 2,04 e 8,35 ± 0,42 g, respectivamente, em aquaponia com e sem bioflocos. Salicornia neei (0,64 kg m-2 30 dias-1) e A. graveolens (0,23 kg m-2 30 dias-1) atingiram também maiores produtividades médias de biomassa caulinar em balsas flutuantes no sistema BFT. Não houve diferença no crescimento dos alevinos de P. courbina entre os tratamentos. O segundo experimento ocorreu em canteiros com planossolo háplico eutrófico solódico e irrigação superficial (420 L dia-1, salinidade média de 21,9 ± 0,8 g L-1), com os tratamentos de densidade de plantio de 13 e 25 ind. m-2. Todas as plantas de A. graveolens morreram após 3 semanas do plantio. A biomassa média produzida de caules de S. neei, rebrotados após 28 dias de uma poda de nivelamento, foi de 0,85 kg m-², sem diferenças significativas entre as densidades de plantio. Entretanto, melhores parâmetros agronômicos (biomassa individual de caules e número de ramos com comprimento > 10 cm) foram observados na baixa densidade de plantio e em solos mais úmidos na parte mais baixa do terreno de cultivo. Salicornia neei mostrou ser uma boa alternativa para produção aquapônica de biomassa vegetal em bancada flutuante acoplada ao cultivo de miragaia em sistema BFT, bem como para solos irrigados com águas salinas da carcinicultura extensiva. Apium graveolens obteve bons crescimento e produtividade em águas de sistemas BFT com salinidade de 10 g L-1, entretanto não conseguiu se desenvolver em solos mais salinos (≈ 20 g L-1) e altas temperaturas do verão no sul do Brasil (média de 25 ºC). Os teores de umidade, lipídeos, proteínas e minerais nos caules das halófitas mostraram-se pouco influenciados pelas condições de cultivo aquapônico de água clara e com bioflocos. Valores médios de cinzas e proteína bruta em caules de S. neei foram mais elevados em plantas crescidas em canteiros do que em aquaponia, o que pode ser associado à salinidade mais elevada no experimento de campo.