Uso da farinha do inseto Tenebrio molitor na alimentação de camarões (Penaeus vannamei) como alternativa de quimioprevenção a exposição aos microplásticos
Autor: Diogo Pereira Chamorro (Currículo Lattes)
Orientadora: Dr. Juliane Ventura Lima
Resumo
No ambiente, os materiais plásticos podem sofrer ações ambientais podendo gerar partículas menores de 5 mm denominadas de microplásticos (MP). Organismos marinhos ingerem de forma acidental ou incorporado na alimentação devido ao seu pequeno tamanho. Estes podem acumular-se nos tecidos, induzindo diversos efeitos incluindo estresse oxidativo. Para minimizar o desequilíbrio redox induzido pelos MP, a adição de antioxidantes na dieta pode ser uma estratégia quimioprotetora. Uma alternativa é a utilização da farinha de insetos como a farinha de Tenebrio. molitor que pode melhorar a capacidade antioxidante em certas concentrações, porém não é relatado com exposição aos MP. Diante disso, o objetivo deste estudo foi avaliar o uso da farinha do T. molitor na alimentação de camarões (Penaeus vannamei) como alternativa quimioprotetora a exposição aos MP. Foram formuladas 6 rações, farinha de peixe (CTL), substituição por 15% e 30% de T. molitor (CTL15 e CTL30, respectivamente), farinha de peixe mais (40 µg de MP-poliestireno, esférico, 1.1 µm), substituição por 15 % e 30% de T. molitor mais (40 µg de MP) (MP15 e MP30, respectivamente). Os animais receberam as rações durante 21 dias de experimento, ao final, os camarões foram eutanasiados para a coleta de brânquias, hepatopâncreas e músculo para posteriores análises. Os resultados demonstram que o CTL30 foi melhor para o crescimento. No hepatopâncreas a atividade da CAT foi maior nos animais expostos aos MP em ambos os níveis de inclusão de T. molitor (15 e 30 %) comparado com os respectivos grupos controle. Neste mesmo tecido, os níveis de GSH aumentaram no grupo controle que recebeu 15 % de inclusão, e este aumento também foi evidenciado no grupo que recebeu MP (MP15). Considerando a atividade da SOD, nas brânquias houve uma diminuição no CTL30 comprando com o CTL, enquanto em hepatopâncreas o grupo MP30 mostrou reduzida atividade da enzima comparada com o CTL30. No hepatopâncreas, a atividade da GPx no grupo CTL30 foi maior que no grupos CTL0. Em brânquias a presença da farinha reduziu os níveis de lipídeos peroxidados nos grupos CTL15 e CTL30 em comparação aos CTL0, enquanto o grupo MP30 mostrou reduzir danos lipídicos comparado com seu grupo controle (CTL30). No hepatopâncreas, o grupo CTL15 mostrou maiores níveis de danos lipídicos comparado aos grupos CTL0 e CTL30, enquanto no grupo MP15 houve redução nos níveis de danos lipídicos comparado com o respectivo grupo CTL15. Nos três tecidos analisados, foi identificado a presença dos MP. Baseado nos resultados obtidos, pode-se observar que a substituição parcial da farinha de peixe por farinha do T. molitor melhora a capacidade antioxidante nos grupos controle, considerando principalmente os níveis de GSH. O uso do T. molitor demonstrou potencial para ativação do sistema antioxidante, sendo uma estratégia promissora de quimioprevenção na aquicultura.