Kamila Oliveira dos Santos (2014) Eficácia de antiparasitários combinados à lecitina de soja em tainha (Mugil liza), no controle de parasitos metazoários

Eficácia de antiparasitários combinados à lecitina de soja em tainha (Mugil liza), no controle de parasitos metazoários

Autor: Kamila Oliveira dos Santos (Currículo Lattes)
Orientador: Dr Joaber Pereira Junior
Co-orientador: Dr Rogério Tubino Vianna

Resumo

A tainha, Mugil liza esta inserida entre as espécies com potencial de crescimento e de mercado na piscicultura marinha brasileira. Contudo, dificuldades são encontradas no sentido de prevenir e tratar doenças presentes nos animais em sistema de criação. A utilização de quimioterápicos tem sido uma prática comum para o controle de enfermidades nas pisciculturas e pode ser viável quando a dosagem e o tempo de exposição correto do medicamento forem usados. No controle terapêutico de enfermidades parasitárias os banhos de curta e longa duração tem sido uma prática comum. No entanto, em tratamentos via banhos com fármacos de baixa solubilidade em água é de difícil aplicação. O praziquantel (PZQ) e o mebendazol (MBZ) são fármacos indicados no controle de doenças parasitárias na medicina humana e veterinária. Em peixes a eficiência destes fármacos tem sido reportada através de diferentes espécies e métodos de aplicação. No entanto devido à baixa solubilidade em água, a aplicação destes fármacos em forma de banhos é dificultada. A lecitina é um fosfolipídio extraído da gema do ovo ou da soja e seu principal componente é a fosfatidilcolina, podendo agir de diversas maneiras, como dispersantes, estabilizantes, solubilizantes das formas farmacêuticas. A lecitina de soja é considerada um bom veículo para fármacos lipofílicos, sendo um dispersante da forma sólida na líquida. Sendo assim o objetivo deste estudo foi determinar a eficácia do PZQ e do MBZ combinado à lecitina de soja (LS). Para isso os peixes foram coletados no arroio do navio (32º 29’ 48” S; 52º 26’ 74” O) e mantidos no Laboratório de Biologia de Parasitos de Organismos Aquáticos. Foi realizado o teste da concentração média letal (CL50-24 h), verificada a taxa de sobrevivência, o percentual de eficácia e monitorado os parâmetros de qualidade da água. Foram realizadas necropsias de 40 peixes para determinação da presença de parasitos e seus índices parasitológicos. O teste da CL50-24 h referente ao PZQ e MBZ combinado a LS, foi realizado nas seguintes concentrações: Controle, LSA, 0,5; 1,5; 2,5; 5,0; 7,5; 10,0 mg/L e controle, LS, 0,5; 1,0; 2,0; 3,0; 5,0; 7,0; 9,0; 12,0 mg/L, respectivamente, 30 peixes por concentração. Foram realizados três experimentos de eficácia com o PZQ: controle, LSA, 0,5; 1,5; 2,0 mg/L banhos de 30 minutos e 24 horas, respectivamente. As mesmas concentrações também foram testadas em banhos de 24 horas sem a presença de álcool na diluição do PZQ. O teste definitivo com o MBZ constituiu de três concentrações 4,0; 8,0; 12,0 mg/L, controle zero e o grupo controle com LS (2,0 mg/L). Todos os experimentos foram inteiramente casualizados e em xiii três repetições simultâneas. As análises dos dados parasitológicos foram feitas no programa Quantitative Parasitology, as demais análises estatística consistiram na realização de análises de variância (ANOVA), seguida pelo teste de Tukey, com programa estatístico sigmaStat 3.5 a 5% de probabilidade. Nas brânquias de juvenis de tainhas houve ocorrência de Ligophorus uruguayense e Solostamenides platyorchis e digenéticos com prevalência de 42,5%; 30% e 20%, intensidade média de infecção/Infestação (3,5; 2,0 e 2,3), abundância média de infecção/Infestação (1,5; 0,6 e 0,45), respectivamente. Não foi possível determinar a CL50-24 h para ambos os fármacos. Os parâmetros de qualidade de água não apresentaram diferença estatística. A taxa de sobrevivência foi superior a 90% em 30 minutos e 24 horas de banhos com o PZQ e superior a 80% em banhos com o MBZ. Não houve eficácia do PZQ após 30 minutos de banho para L. uruguayense, mas foi eficaz com percentual acima de 70% em 0,5; 1,5; 2,0 mg/L contra S. platyorchis, contra digeneticos 0,5 mg/L foi efetivo em 83,3%. Após 24 horas de banho com o PZQ diluído em álcool e combinado a LS 2,0 mg/L foi efetivo contra L. uruguayense. Após 24 horas de banho com PZQ e LS sem álcool houve eficácia para L. uruguayense de 59% e 76,7% em 1,5 e 2,0 mg/L, respectivamente. O MBZ foi eficaz 74,5% em 4,0 mg/L contra L. uruguayense e 100% em todas concentrações contra S. platyorchis e digenéticos.

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