Açaí (Euterpe oleracea) em dietas para juvenis de Tambaqui (Colossoma macropomum): performance de crescimento, status redox, metabolismo energético e efeito neuroprotetor
Autor:Thamyres Vanessa Nascimento da Silva (Currículo Lattes)
Orientador: Dr Jose Maria Monserrat
Co-orientador: Dr Luís André Nassr de Sampaio
Resumo
O presente estudo objetivou avaliar a inclusão dietética de açaí liofilizado Euterpe oleracea (LEO) como um promotor do crescimento para juvenis de tambaqui (Colossoma macropomum), determinando seus efeitos sobre a pigmentação da pele, status antioxidante, metabolismo energético, além das implicações de seu consumo sobre a resistência ao estresse de transporte e atividade neuroprotetora. Os peixes (0.92 ± 0.01 g) foram alimentados por 30 dias com seis dietas isoenergéticas e isoproteicas formuladas com 0,00; 0,63; 1,25; 2,50; 5,00; e 10.0% LEO (p/p). Um crescimento 7 vezes superior ao peso inicial foi alcançado ao final do teste alimentar. A inclusão de 5.00% e 10.0% LEO na dieta foram significativos em termos de ganho de peso e peso final corporal. A ingestão de 1.25% LEO também melhorou os parâmetros de eficiência alimentar, sendo efetiva sobre o aumento da taxa de crescimento específico (SGR). A capacidade antioxidante (DPPH), bem como o conteúdo de flavonoides e polifenóis totais não foram incrementados no músculo. Mas, com 5.00% de açaí na dieta, a intensidade da cor ciano na pele foi melhorada. A menor inclusão de açaí (0,63 %) na dieta resultou na maior competência antioxidante intestinal (39.57%), o que não foi observado para o fígado e músculo. Somente para o intestino, uma inclusão estimada em 5.47% LEO minimizou os níveis de peroxidação lipídica (TBARS). Desde o ponto de vista econômico, uma inclusão de até 1,25% LEO é viável (Capítulo 1). Foi também observada uma redução sobre a concentração de triglicerídeos (40%) no músculo pela ingestão de 0,63% LEO na dieta. Porém, não houveram alterações significativas sobre os níveis de colesterol, glicose, glicogênio e proteína total neste órgão. A atividade do sistema de transporte de elétrons (ETS) no músculo aumentou em 76,25% nos peixes alimentados com 1,25% LEO em relação ao controle, sendo que este parâmetro apresentou elevada correlação (R2 = 0,87) com a SGR (Capítulo 2). A ingestão de LEO previamente ao estresse de transporte (3, 6, 12 e 24 h) resultou em um nível de oxigênio dissolvido 17.7% superior ao tratamento controle, após 24 h de transporte. O nível de glicose no sangue se manteve similar, independente das dietas ou dos tempos de transporte. A capacidade antioxidante total (ACAP) e o dano oxidativo lipídico (TBARS) foram mensurados nas brânquias, cérebro, fígado e músculo. Após transporte por 12 h, peixes tratados com 1,25% a 10,0% LEO exibiram maior competência antioxidante hepática (42% a 53%, respectivamente). Níveis dietéticos de 2,50% a 5,00% LEO desempenharam evidente proteção contra a peroxidação lipídica no cérebro, fígado e brânquias até 12 h de transporte, reduzindo pontualmente o nível de TBARS no músculo (Capítulo 3). Convulsões induzidas por pentilenotetrazol (PTZ) foram reduzidas expressivamente por meio do LEO dietético. Os registros eletroencefalográficos indicaram menor excitabilidade e amplitude das ondas cerebrais nos peixes alimentados com 5,00% LEO na dieta. Essa redução foi 80% superior nos peixes tratados com 10,0% LEO comparado ao grupo controle. Os níveis de TBARS foram reduzidos em 60% no cérebro dos peixes alimentados com LEO na dieta. O efeito neuroprotetor do açaí transpareceu sobre o comportamento, reduzindo ou abreviando os sinais associados com crises convulsivas (Capítulo 4). De um modo geral, LEO dietético demonstra uma série de efeitos funcionais sobre os juvenis de tambaqui e, portanto, pode ser reconhecido como potencial aditivo alimentar para este peixe. Para promover o crescimento e o metabolismo energético muscular, sugere-se a inclusão dietética de 1,25%, pois é economicamente praticável com satisfatórios efeitos sobre a eficiência alimentar, crescimento e competência antioxidante intestinal. As inclusões de 2,50% a 5,00% LEO em dietas preparatórias para o transporte também são recomendadas, uma vez que melhora a qualidade da água após longo período de transporte, bem como aumenta a capacidade antioxidante do fígado e reduz a LPO em todos os órgãos avaliados dentro de até 12 h de transporte. Por fim, respostas anticonvulsivas e neuroprotetoras em juvenis de tambaqui são possíveis a partir da administração dietética de 5,00% LEO.