Lilian Fiori Nitz (2020) Efeitos da interação entre temperatura e oxigênio dissolvido em juvenis de Pacu Piaractus mesopotamicus (Holmberg 1887)

Efeitos da interação entre temperatura e oxigênio dissolvido em juvenis de Pacu Piaractus mesopotamicus (Holmberg 1887)

Autor: Lilian Fiori Nitz (Currículo Lattes)
Orientador: Dr Luciano de Oliveira Garcia

Resumo

O pacu P. mesopotamicus é uma espécie que pelas suas características, apresenta grande potencial para cultivos intensivos, nos quais o oxigênio dissolvido (OD) é um dos principais limitantes. Além disso, o cultivo dessa espécie em regiões de clima subtropical, onde ocorre ampla variação térmica, a interação de fatores como o OD e a temperatura podem causar alterações bioquímicas e fisiológicas nos peixes. Dessa forma, o objetivo deste estudo foi verificar os efeitos da interação entre diferentes temperaturas e níveis de OD nos parâmetros hematológicos e de estresse oxidativo em juvenis de pacu. Foram realizados 2 experimentos (EXP): EXP 1 - interação entre diferentes temperaturas (~18, ~23 e ~28 °C) e níveis de OD (~2 - hipóxia, ~4,5 – hipóxia moderada e ~7 mg OD L-1 normóxia) por um período de 12 h. Imediatamente após esse período foram coletadas amostras de sangue, brânquias, fígado, músculo e cérebro de 9 peixes por tratamento. No EXP 2 os peixes foram expostos a interação entre as mesmas temperaturas supracitadas, hipóxia e normóxia (~2 e ~7 mg OD L-1) durante 12 h. Ao final desse período foram submetidos a diferentes velocidades de reoxigenação, abrupta (0,5 h) e gradual (5 h). Após 1, 3 e 12 h do final da reoxigenação foram coletadas amostras de sangue (n=9), e em 1 e 12 h também amostras de brânquias e fígado. Os resultados demonstram que os efeitos da interação entre diferentes temperaturas e níveis de OD em juvenis de pacu são órgão específicos. A análise dos parâmetros sanguíneos durante a exposição a diferentes temperaturas e níveis de hipóxia indicaram alterações mais evidentes na glicose e pH sanguíneos. A reoxigenação abrupta a 23 e 28 oC levou a alterações na glicose sanguínea e na maior temperatura no lactato sanguíneo em até 3 h. Entretanto, na temperatura de 23 oC o aumento do lactato sanguíneo ocorreu após 3h e se manteve elevado até 12 h após o fim da reoxigenação. Uma indução da condição pró oxidante foi observada no fígado, músculo e cérebro impulsionado pela interação de diferentes temperaturas e níveis de hipóxia evidenciado pelo aumento nos níveis de dano oxidativo (lipoperoxidação - LPO e conteúdo de tióisproteicos - PSH) associados a uma inibição do sistema de defesa antioxidante(capacidade antioxidante total - ACAP e glutationa-S-transferase - GST). Com relação às velocidades de reoxigenação, juvenis de pacu mantidos em 18 °C foram capazes de se adaptar melhor com uma reoxigenação abrupta, evidenciada pelos menores níveis de dano oxidativo (LPO) nas brânquias e no fígado. Após 12 h do final da reoxigenação apenas os peixes mantidos em 23 °C e submetidos a reoxigenação abrupta e aqueles mantidos em 28 °C e submetidos a reoxigenação gradual apresentaram todos os parâmetros sanguíneos dentro dos níveis basais. Sendo assim, a interação entre diferentes temperaturas e níveis de OD por um período de 12 h causam distúrbios metabólicos, ácido base, além de induzir estresse oxidativo. Entretanto, essa espécie demonstrou ser tolerante à hipóxia e à reoxigenação, apresentando 100% de sobrevivência. Peixes mantidos entre 23 e 28 °C e submetidos à reoxigenação gradual são menos susceptíveis a danos oxidativos. Um período de 12 h é suficiente para restabelecer os parâmetros bioquímicos e fisiológicos dependendo da temperatura e velocidade de reoxigenação que foram submetidos os pacus.

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