Ednara Ronise Lima de Araújo (2022) Avaliação anestésica do geraniol e citronelol para tambaqui Colossoma macropomum: implicações e neuromusculares, cardiorrespitarórias e quimioprotetivas

Avaliação Anestésica do Geraniol e Citronelol para Tambaqui Colossoma macropomum: Implicações e Neuromusculares, Cardiorrespitarórias e Quimioprotetivas

Autora: Ednara Ronise Lima de Araújo (Currículo Lattes)
Orientador: Dr. Luís André Nassr de Sampaio

 

Resumo

O estudo de novos agentes anestésicos permitirá a proposição de fármacos alternativos que sejam eficazes, potencialmente menos onerosos, sem prescindir da segurança e eficácia necessárias, com ação rápida sobre o sistema nervoso e sem complicações posteriores para o animal. Em peixes, a atividade anestésica do óleo essencial (OE) de citronela foi comprovada, no entanto, não há informações na literatura referente a qual ou quais constituintes majoritários deste óleo seriam os responsáveis pelos efeitos biológicos e comportamentais observados em juvenis anestesiados. Neste sentido, o objetivo deste estudo foi avaliar a eficácia anestésica dos fitoconstituintes isolados do OE de citronela, geraniol (GRL) e citronelol (CTL) em juvenis de tambaqui, Colossoma macropomum, através da verificação dos tempos de indução e recuperação por ensaios de concentração-resposta, além de avaliar seus efeitos sobre o comportamento, modulação do tônus muscular, frequência e ritmo cardiorrespiratórios, potencial cardiotóxico, capacidade de determinar depressão neuronal central e balanço oxidativo. Para a avaliação da anestesia e recuperação (Capítulo 1), a eficácia anestésica do GRL e CTL foi através da caracterização comportamental e a avaliação de marcadores eletrofisiológicos. Os peixes (24,78 ± 2,50g) foram divididos em dois grupos experimentais: I – Avaliação Comportamental: Foram testadas seis concentrações (10; 30; 50; 70; 90; e 110 µL L-1) para cada composto, onde foram encontradas as concentrações efetivas para ambos os produtos (70 µL L-1 GRL e 90 µL L-1 CTL). II – Caracterização Eletrofisiológica: as concentrações determinadas no primeiro experimento foram utilizadas para os registros de EMG, ECG, intensidade e frequência do batimento opercular (OBI e OBR) e frequência cardíaca (FC). Nossos resultados demonstraram que o GRL e CTL promoveram a imobilização total do corpo, apresentaram propriedades miorrelaxantes, com alterações, mas sem comprometimento da função cardíaca. Na caracterização cardiológica e potencial cardiotóxico (Capítulo 2), foram avaliadas as mudanças nos padrões de resposta cardíaca dos animais expostos ao GRL e CTL e durante a recuperação. Os juvenis de tambaqui (13,9 ± 1,4g) foram expostos às mesmas concentrações determinadas no primeiro capítulo, e os registros eletrocardiográficos (ECG) tiveram duração de cinco minutos. Foram investigados os parâmetros frequência cardíaca (FC) (batimentos min.-1), registro de amplitude (mV), intervalo RR (s), intervalo QT (s) e duração do complexo QRS (s). Os animais expostos ao GRL apesar de apresentarem efeito cronotrópico negativo, mantiveram o ritmo sinusal. Já quando expostos ao CTL, foram observadas bradicardia acentuada e arritmia, que se mostraram reversíveis quando na recuperação, que se mostrou rápida para ambos os anestésicos. Para a avaliação da depressão neuronal (Capítulo 3), a fim de observar o aprofundamento anestésico e a reversibilidade dos efeitos promovidos pelo GRL e CTL sobre o SNC, os peixes (35,2 ± 9,4g) foram expostos aos anestésicos e os registros de EEG de indução e recuperação foram realizados por 300 segundos. Foram observadas irregularidades nos traçados, no entanto, o GRL permitiu traçado regular, já os animais expostos ao CTL apresentaram traçados incompatíveis com uma condição de anestesia adequada. Para a avaliação do balanço oxidativo durante o transporte em sedação (Capítulo 4), os animais (26,97 ± 3,73 g) foram submetidos ao transporte simulado por 2, 6 e 10 horas, utilizando doses sedativas correspondendo à 15% da dose efetiva encontradas no primeiro capítulo desse trabalho (GRL – 10,5 µL L-1 e CTL – 13,5 µL L-1). Ao final do transporte foram avaliados a capacidade antioxidante (ACAP), concentração da glutationa (GSH) e grupo sulfidrila (P-SH) e os níveis de peroxidação lipídica (TBARS) em brânquias, cérebro, fígado e músculo. Nas brânquias foram encontradas as maiores concentrações de GSH e P-SH na presença dos anestésicos. Por outro lado, os níveis de LPO foram consideravelmente maiores no músculo dos animais transportados com adição de CTL na água, independente do tempo de transporte. Concluímos que GRL adicionado à água de transporte em doses sedativas, seria uma boa opção para mitigar danos oxidativos principalmente nas brânquias. Por outro lado, o CTL demonstrou ação pró-oxidante, com altos níveis de LPO no músculo dos animais pós-transporte.

 

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