Influência do pH na Produção de Peixe-Palhaço (Amphiprion percula) e do Cavalo-Marinho (Hippocampus reidi) em Sistemas de Recirculação com Baixa Salinidade
Autor: Mario Davi Dias Carneiro (Currículo Lattes)
Orientador: Dr. Luís André Nassr de Sampaio
Resumo
A aquicultura ornamental expõe grande importância econômica e para a conservação. Contudo, a produção de peixes ornamentais não é majoritariamente praticada em áreas litorâneas, tornando sistemas de recirculação de água (RAS) em baixa salinidade interessantes. Uma das consequências do RAS é a acidificação da água pelo consumo das reservas de alcalinidade através do processo de nitrificação. O peixe-palhaço Amphiprion percula é um peixe ornamental marinho de pequeno porte e amplamente distribuído no mercado da aquariofilia devido a sua fácil produção em cativeiro. O cavalo-marinho Hippocampus reidi é um peixe utilizado como ornamental e consumido pela medicina tradicional chinesa. A reprodução de ambos é conhecida e praticada em muitos lugares no mundo. Entretanto, os efeitos do ambiente ácido sobre parâmetros bioquímicos em peixes ornamentais são pouco conhecidos. Portanto o objetivo central dessa tese é o estudo da produção de cavalo-marinho (H. reidi) e peixe palhaço (A. percula) em RAS, avaliando os problemas decorrentes da acidificação aguda e crônica em água marinha (SW, salinidade 33) e salobra (BW, salinidade 11). Para tal foram realizados experimentos agudos (96 h): (i) em SW, avaliando os efeitos dos pHs 5, 6, 7 e 8 sobre os parâmetros bioquímicos em juvenis de A. percula; (ii) avaliando os mesmos parâmetros em fígado, brânquias, trato digestivo e músculos de A. percula expostos aos mesmos pHs em BW e SW; (iii) avaliando os efeitos agudos dos pHs 5, 6, 7 e 8 em BW e SW em juvenis H. reidi; (iv) avaliando os efeitos crônicos (3 e 4 semanas) dos pHs 6,5 e 8 em BW e SW em juvenis de H. reidi e (v) avaliando os efeitos crônicos (8 semanas) dos pHs 6,5 e 8 em BW e SW em A. percula, bem como a avaliação do retorno a condição controle (8-SW). As respostas agudas em peixe palhaços A. percula revelaram um maior dano proteíco em peixes expostos ao pH 5. Os órgãos desta mesma espécie respondem de distintas maneiras a exposição ácida em diferentes salinidades, sendo os órgãos mais afetados as brânquias e o fígado que demonstraram redução da atividade da GST em pH 5-BW e um maiores danos lipídicos (TBARS) nas brânquias em pH 5-SW. Em relação aos cavalos-marinhos, a exposição aguda ao ambiente ácido em baixa salinidade (pH 5-BW) trouxe maiores prejuízos nos diferentes níveis de estresse testados, evidenciando um aumento no cortisol, alterações em nível enzimático (SOD, GST, GPx) e no metabolismo da glutationa, acompanhadas por redução da capacidade antioxidante (TEAC) e aumento da peroxidação lipídica (TBARS). Também foi observado peixes moribundos em pH 5-BW.. De maneira similar, os H. reidi cronicamente expostos a pH 6,5-BW sofrem maior mortalidade, menor crescimento e maiores alterações bioquímicas, enquanto a mesma condição ácida em SW promove melhores resultados de crescimento e de acúmulo de GSH, nestes peixes. Também na exposição crônica, A. percula mostraram maiores prejuízos na condição ácida BW, com menor sobrevivência e crescimento, além de maiores danos proteicos (P-SH) e lipídicos (TBARS). Em pH 8-BW, os peixes apresentaram maior TBARS, entretanto, desenvolveram uma coloração diferenciada e mais interessante ao mercado ornamental, a variedade Onix. Porém, o retorno destes animais a condições controle (pH 8-SW) não promove mortalidade além de que os parâmetros bioquímicos podem ser considerados estabilizados após 7 dias. Assim, como conclusão geral, podemos dizer que para ambas as espécies a exposição ao ambiente ácido é mais onerosa em baixa salinidade.