Grecica Mariana Colombo (2023) Uso do açaí liofilizado (Euterpe oleracea mart. 1824) no enriquecimento dos bioflocos: potencial para a produção do camarão branco do pacífico penaeus vannamei (Bonne, 1931) cultivado em sistema bft

Uso do açaí liofilizado (Euterpe oleracea Mart. 1824) no enriquecimento dos bioflocos: Potencial para a produção do camarão branco do Pacífico Penaeus vannamei (Bonne, 1931) cultivado em sistema BFT

Autor: Grecica Mariana Colombo (Currículo Lattes)
Orientador: Dr José María Monserrat

Resumo

O açaizeiro (Euterpe oleracea) é uma palmeira endêmica da bacia amazônica, rica em proteínas, vitaminas, minerais, fibras, ácidos graxos e compostos fenólicos. Dentre os compostos fenólicos, os principais são os flavonóides, os quais conferem ao açaí ampla capacidade antioxidante. Um sistema de cultivo amplamente utilizado nos camarões é o sistema BFT (Biofloc Technology), onde os bioflocos possibilitam a remoção de compostos nitrogenados e também representam uma fonte suplementar de alimento para os camarões, tendo em sua composição compostos bioativos de natureza antioxidante. Desta maneira, o presente estudo teve como objetivo avaliar a capacidade dos bioflocos em assimilar e transferir os compostos bioativos presentes no açaí para pós-larvas (Capítulo 1) e juvenis (Capítulo 2) do camarão Penaeus vannamei cultivados em sistema BFT, além de aferir os efeitos da adição do açaí liofilizado na coloração dos camarões (Capítulo 3). No capítulo 1 foram realizados dois experimentos. No primeiro experimento foram testadas seis concentrações de açaí, além do controle (2,5; 5,0; 10,0; 20,0; 40,0 e 80,0 mg açaí L-1 ) no sistema BFT sem a inclusão de pós-larvas. A cada 24 horas, durante sete dias, as respectivas concentrações de açaí foram adicionadas aos bioflocos. Com base nos resultados bioquímicos deste experimento foram definidas três concentrações de açaí (5, 20, e 80 mg açaí L-1 ), além do tratamento controle, para serem testadas no cultivo com pós-larvas. No segundo experimento, as pós-larvas de todos os tratamentos com açaí (5, 20, e 80 mg açaí L-1 ), apresentaram maior sobrevivência, no entanto a administração de 20 mg açaí L-1 incrementou o ganho de peso e conversão alimentar dos animais (p < 0,05). Os bioflocos e os camarões perderam capacidade antioxidante com o aumento da concentração de açaí (p < 0,05). Os níveis de TBARS dos bioflocos foram menores nas concentrações de 5 e 20 mg de açaí L-1 em comparação com 80 mg de açaí L-1 (p < 0,05). No segundo capítulo, foram utilizados camarões juvenis distribuídos em quatro tratamentos (controle, 5, 20 e 80 mg de açaí L-1 ). Novamente a aplicação de açaí em sistema BFT agiu como alcalinizante natural na água de cultivo, assim como observado no Capítulo 1. Os bioflocos e o hepatopâncreas dos camarões perderam sua capacidade antioxidante com o aumento das concentrações de açaí, no entanto, o dano lipídico foi atenuado no tratamento com 20 mg açaí L-1 (p < 0,05). A aplicação de 20 mg açaí L-1 aumentou os valores médios da altura e área das microvilosidades do intestino médio (p < 0,05). A mortalidade e os danos proteicos e lipídicos no músculo dos camarões aumentaram com a administração diária de 80 mg açaí L-1 (p < 0,05). No terceiro capítulo, o teor de polifenóis aumentou em pós-larvas que receberam 80 mg açaí L-1 (p < 0,05). Não foram observadas diferenças significativas entre os tratamentos para a concentração de flavonóides totais nas pós-larvas (p > 0,05). Os dados de luminosidade (L*) apresentaram uma queda significativa no tratamento administrado com 80 mg açaí L-1 (p < 0,05), o que indica que as pós-larvas estavam mais escuras. Não foram observadas diferenças nos parâmetros a* e b* (p > 0,05). O valor médio do parâmetro Delta E para o tratamento de 80 mg açaí L-1 permaneceu acima de 5, valor este considerado como evidência de que as diferenças na cor são perceptíveis para o olho humano. De modo geral, a aplicação do açaí no sistema BFT demonstrou efeitos antioxidantes sobre os bioflocos e crustáceos. Os bioflocos foram capazes de assimilar parte dos compostos vii antioxidantes presentes no açaí incrementando sua capacidade antioxidante. Em relação as concentrações de açaí, recomenda-se a administração de até 20 mg açaí L-1 no cultivo de camarões em sistemas BFT, uma vez que esta concentração melhorou índices zootécnicos, incrementou a sobrevivência, a absorção intestinal, e diminuiu o estresse oxidativo durante o cultivo.

 

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