Determinação da Concentração de Sólidos Suspensos Totais e Densidade de Estocagem para o Cultivo de Juvenis de Pacu Piaractus mesopotamicus em Sistema de BFT
Autor: Lucas Pellegrin (Currículo Lattes)
Orientador: Dr. Luciano de Oliveira Garcia
Resumo
O pacu Piaractus mesopotamicus é uma espécie de peixe nativa da Bacia da Prata, e apresenta ampla distribuição geográfica, além de tolerar ampla faixa térmica, que possibilita seu cultivo em praticamente todas as regiões do Brasil. Esta espécie apresenta uma boa aceitação pelo mercado consumidor devido à qualidade da sua carne, que é comercializada em diferentes formas como costelinhas, postas, além do peixe inteiro eviscerado. Devido à sua rusticidade apresenta características desejáveis para o cultivo intensivo, como tolerância a baixos níveis de oxigênio, além de ser resistente aos principais compostos nitrogenados gerados no sistema. Dentre os cultivos intensivos existentes, o sistema de bioflocos (BFT) tem apresentado inúmeras vantagens como aumento da densidade de estocagem sem comprometimento da qualidade da água, melhora do sistema imunológico dos animais, além de servir como fonte suplementar de alimento, melhorando as taxas de conversão alimentar e reduzindo custos com alimentação. Os bioflocos presentes neste sistema apresentam uma ótima composição nutricional, entretanto, seu acúmulo leva ao aumento das concentrações de sólidos suspensos totais (SST) e seu excesso pode se tornar um fator limitante no cultivo, devendo ser mantido em concentrações toleradas pela espécie cultivada. Dessa maneira, testar a adaptação do pacu ao sistema BFT e determinar a sua tolerância aos SST se torna uma forma de garantir o sucesso desta espécie neste meio. Além disso, determinar a melhor densidade de estocagem é uma ferramenta que garante a melhor eficiência nos sistemas de cultivo. Para estas determinações foram realizados quatro experimentos (EXP): EXP 1 - foi realizada uma CL50-96h a diferentes níveis de SST na água (0, 1500, 3000, 4000, 5000, 6000 e 7000 mg L⁻¹) para determinar o “safe level” para a espécie, sendo que a cada 24 h foi contabilizada a mortalidade dos animais. EXP 2 - foram testadas cinco concentrações subletais de SST (0, 250, 500, 750 e 1000 mg L⁻¹), avaliando os parâmetros hematológicos (glicose, pH, hematócrito, hemoglobina, eritrócitos e índices hematimétricos) do pacu. O experimento teve duração de cinco dias e no início (dia 1) e fim (dia 5) deste período foram realizadas as coletas de sangue (9 peixes/tratamento). EXP 3 - foram testadas cinco concentrações de SST (0, 250, 500, 750 e 1000 mg L⁻¹) sobre o desempenho zootécnico e os parâmetros hematológicos do pacu. O experimento teve duração de 30 dias e foram realizadas as biometrias no início (dia 0) e fim (dia 30) do experimento, enquanto que a coleta de sangue foi realizada somente no final do período experimental. EXP 4 – neste experimento os juvenis de pacu foram submetidos a cinco diferentes densidades de estocagem (150, 300, 450, 600 e 750 peixes m⁻³) e foram avaliados os dados de desempenho zootécnico assim como as alterações sobre os parâmetros hematológicos da espécie. As biometrias foram realizadas no início (dia 0) e fim (dia 45) do período experimental, já a coleta de sangue foi realizada ao final do experimento (dia 45). Os resultados demonstraram que o pacu tolera até 5000 mg L⁻¹ de SST por 96 horas sem apresentar mortalidades, além disso, concentrações de até 500 mg L⁻¹ causam pequenas alterações nos parâmetros hematológicos do pacu e podem ser mantidas por um período curto de tempo de até cinco dias. Entretanto, concentrações de até 250 mg L⁻¹ foram as que resultaram nos melhores índices de desempenho zootécnico. Em relação à densidade de estocagem para juvenis de pacu em BFT, as densidades de 150, 300 e 450 peixes m⁻³ não afetaram o desempenho da espécie, contudo, a densidade de 450 peixes m⁻³ é a mais indicada pois permitiu uma maior biomassa final.