Andrezza Carvalho Chagas (2025) Produção de macroalgas no cultivo multitrófico integrado com camarão e peixe: absorção de nutrientes e aplicação da biomassa produzida

Produção de macroalgas no cultivo multitrófico integrado com camarão e peixe: absorção de nutrientes e aplicação da biomassa produzida

Autor: Andrezza Carvalho Chagas (Currículo Lattes)
Orientador: Dr. Luís Henrique da Silva Poersch

 

Resumo

 

A utilização de sistemas com zero renovação de água, como o sistema Bioflocos (BFT), apesar de maior biossegurança tem como consequência o acúmulo de nitrato e fosfato no decorrer da produção. A possibilidade de inserção de espécies de diferentes níveis tróficos no sistema promove o aumento da produtividade com a reutilização dos resíduos para conversão em biomassa de interesse econômico, podendo ser trabalhada a economia circular. Portanto, apresente tese teve como objetivo determinar planos de manejos viáveis para a macroalga Ulva lactuca em cultivo integrado, com enfoque na produção e aplicação da biomassa de macroalgas e absorção de nutrientes. O primeiro experimento avaliou o efeito do sistema simbiótico no crescimento da macroalga, ostra e camarão. Foi constatado que não houve um aumento de biomassa da macroalga durante o experimento, no entanto ainda houve uma menor concentração de nitrato no tratamento simbiótico quando a macroalga estava inserida no sistema. Para a ostra, o uso do sistema simbiótico causou mortalidade nos animais, em contraste com o camarão que apresentou maior peso final no sistema integrado com simbiótico. O segundo capítulo avaliou o efeito das diferentes concentrações de sólidos suspensos totais e nutrientes do sistema em bioflocos no crescimento, absorção de nutrientes e composição nutricional da macroalga em sistema integrado com camarão. O tratamento com concentração de sólidos suspensos totais de 246 mg L-1 mostrou melhor desempenho em absorção de nitrato e fosfato com 55 e 31% de taxa de remoção, respectivamente. Além de apresentar maior teor de proteína e clorofila-a comparado ao tratamento controle (sem biofloco). O terceiro capítulo buscou avaliar diferentes profundidades de estrutura de cultivo para a macroalga quando cultivada em sistema integrado com camarão e peixe. Foram testadas duas profundidades, sendo elas, rasa (até 10 cm de profundidade) e funda (até 25 cm de profundidade). As macroalgas cultivadas em até 10 cm de profundidade mostraram melhor crescimento ao longodo cultivo comparado ao tratamento fundo. O quarto capítulo buscou avaliar o efeito da inserção da macroalga na comunidade microbiana quando cultivada em conjunto com o camarão. Ao final do experimento, a adição da macroalga Ulva ao cultivo proporcionou o decréscimo de diatomáceas, cianobactérias e ciliados comparado ao monocultivo de camarão, podendo estar associado a competição por nutrientes com a macroalga, mostrando vantagem ao uso do sistemaintegrado. O quinto capítulo da tese avaliou o crescimento, a absorção dos nutrientes e composição nutricional da macroalga em sistema heterotrófico e sistema quimioautotrófico. Os resultados mostraram uma taxa de crescimento da macroalga maior no tratamento quimioautotrófico ao final do experimento. Entretanto, o tratamento heterotrófico apresentou maior absorção de fosfato e nitrato com 57 e 56% respectivamente, além do incremento do valor proteico da macroalga. O desempenho do camarão não foi afetado pelo tratamento, e houve maior peso final da tilápia no tratamento heterotrófico. O sexto capítulo buscou avaliar a inserção da macroalga como biorremediador para absorção de nutrientes do efluente de um cultivo de camarão com bioflocos. Para isso, foram coletados os efluentes de um sistema quimioautotrófico e heterotrófico (experimento anterior), o uso de aeração constante e a inserção de 1g/L de macroalga por 15 dias. Como resultado, uma maior taxa de remoção de nitrato (28%) foi encontrada no sistema heterotrófico, com uma taxa de crescimento relativa de 3.53 % dia −1, mostrando melhor desempenho da macroalga. E o sétimo capítulo consistiu na aplicação da biomassa de macroalga produzida como aditivo na ração. Foram testadas diferentes inclusões da macroalga produzida em sistema integrado com bioflocos na ração da tilápia, sendo elas: 5, 10 e 15 % de inclusão da macroalga na ração e um tratamento controle sem macroalga, tendo como objetivo avaliar o desempenho zootécnico, hematológico e atividade antioxidante. Ao final do experimento foi realizado um teste de estresse salino. Não houve diferença significativa entre os tratamentos no desempenho zootécnico e composição proximal. A contagem de granulócitos foi superior no tratamento com 10% de inclusão de macroalga na dieta. Após o estresse salino, o tratamento com 5% de inclusão apresentou maior capacidade antioxidante no musculo, com uma menor oxidação proteica e lipídica. Com isso, a inserção da macroalga no cultivo integrado com camarão e peixe apresentou viabilidade e sustentabilidade com absorção de nutrientes, produção de biomassa e inclusão na ração.

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